quinta-feira, 30 de maio de 2013

BEIJO DA "GORDA"



Festa no sitio. Turma grande e preparada para a bagunça. Churrasco, bebidas, jogos, piscina e muito mais. Tudo para comemorar o aniversario de uma grande amiga. Eram muitas pessoas, todas de carro ou de carona. Não dava para seguir viagem depois. O sitio era muito isolado e fora da cidade. Todos deveriam se acomodar ali para seguir viagem no outro dia. Toda a turma estava ali: Narigudo, Neneca, Joseph, Big Fat, Juan, Bill, e o Gui. Ah, o Gui! Sujeito engraçado e gozador. O Gui era um cara que participava pouco dos encontros da turma. Mas quando estava presente era um tremendo gozador. Ficava sempre na sua, sabem como é! Para dar o bote na hora certa. Permanecia horas observando o movimento da festa. Qualquer festa. De uma festa qualquer. E aí, no momento preciso, quando tudo conspirava a favor, escolhia um e começavam as gozações. Tinha a calma de esperar o momento certo para dar o bote. Fazia isso com precisão, como uma cobra no esconderijo.
Nessa festa, do sitio, o Gui estava paradão. Olhava pra um lado, pro outro, e não encontrava ninguém dando bobeira. Tentava vez ou outra: “Olha o Narigudo! Metendo o nariz onde não deve!”. Ria sozinho, mas não tinha graça. “Olha o Chupeta! Mamar na vaca não quer não, né?”. Ninguém acompanhava. Nada do que falava provocava risada do pessoal. Pelo contrário, alguns saiam de perto. Gui estava realmente sozinho nessa. Às vezes começava a rir sozinho, procurando companhia. Mas ninguém se dispunha a acompanhar suas fracas piadinhas. Não era o dia dele. Não havia clima pra gozações.
Na hora de dormir, as pessoas foram se aglomerando na sala. Uma sala grande e espaçosa. Toda a turma dormiria ali. Eram colchões jogados no chão para todos os lados. O Gui se preparava num canto da sala, mais próximo da parede. O resto do pessoal se aglomerava do outro lado, mais perto da porta. Ainda queriam curtir um fim de festa e aí, para dormir, era só abrir a porta e deitar. A Gorda, amiga da turma, se preparava para deitar e dormir e escolheu ficar mais perto do Gui, porque ficaria mais distantes da bagunça. O Gui ficou desconcertado, porque se a turma o visse, ele estaria perdido. As gozações se voltariam todas para ele. No final das contas, resolveram deitar e apagar a luz.
Quando a turma se deu conta do ocorrido, que Gui e Gorda estavam juntos, prepararam uma cilada. No escuro, levaram os colchões para próximo dos dois, bem devagar, sem que ele percebesse. Na verdade, fizeram um cerco, em que os dois ficaram no meio, e o resto da turma num circulo fechado entre eles. De repente, no meio da noite, uma voz estridente ressoa no ambiente: “PARA COM ISSO! OLHA A MÃO! TIRA A MÃO DAÍ!”. E o Gui, pensando que todos estavam longe, e dormindo, falou baixinho: “fala baixo, pô, os meninos podem escutar”. Imediatamente, o Narigudo, rindo baixinho e chorando, levantou, como de supetão, e acendeu a luz. Toda a turma estava com o pescoço esticado, olhando para o casal de pombinhos, e caindo na gargalhada. Foram tantos risos, que muitos passaram mal. Era a vingança da turma. O feitiço contra o feiticeiro. E o Gui, desconcertado e com o braço ainda por cima do corpo da Gorda, arrebatou, morrendo de vergonha: “Não é nada disso que vocês estão pensando!”.

Por: Marcelo Mariano