Festa no sitio. Turma
grande e preparada para a bagunça. Churrasco, bebidas, jogos, piscina e muito mais.
Tudo para comemorar o aniversario de uma grande amiga. Eram muitas pessoas,
todas de carro ou de carona. Não dava para seguir viagem depois. O sitio era
muito isolado e fora da cidade. Todos deveriam se acomodar ali para seguir
viagem no outro dia. Toda a turma estava ali: Narigudo, Neneca, Joseph, Big
Fat, Juan, Bill, e o Gui. Ah, o Gui! Sujeito engraçado e gozador. O Gui era um
cara que participava pouco dos encontros da turma. Mas quando estava presente
era um tremendo gozador. Ficava sempre na sua, sabem como é! Para dar o bote na
hora certa. Permanecia horas observando o movimento da festa. Qualquer festa.
De uma festa qualquer. E aí, no momento preciso, quando tudo conspirava a favor,
escolhia um e começavam as gozações. Tinha a calma de esperar o momento certo
para dar o bote. Fazia isso com precisão, como uma cobra no esconderijo.
Nessa festa, do sitio, o
Gui estava paradão. Olhava pra um lado, pro outro, e não encontrava ninguém
dando bobeira. Tentava vez ou outra: “Olha o Narigudo! Metendo o nariz onde não
deve!”. Ria sozinho, mas não tinha graça. “Olha o Chupeta! Mamar na vaca não
quer não, né?”. Ninguém acompanhava. Nada do que falava provocava risada do
pessoal. Pelo contrário, alguns saiam de perto. Gui estava realmente sozinho
nessa. Às vezes começava a rir sozinho, procurando companhia. Mas ninguém se
dispunha a acompanhar suas fracas piadinhas. Não era o dia dele. Não havia
clima pra gozações.
Na hora de dormir, as
pessoas foram se aglomerando na sala. Uma sala grande e espaçosa. Toda a turma
dormiria ali. Eram colchões jogados no chão para todos os lados. O Gui se
preparava num canto da sala, mais próximo da parede. O resto do pessoal se
aglomerava do outro lado, mais perto da porta. Ainda queriam curtir um fim de
festa e aí, para dormir, era só abrir a porta e deitar. A Gorda, amiga da
turma, se preparava para deitar e dormir e escolheu ficar mais perto do Gui,
porque ficaria mais distantes da bagunça. O Gui ficou desconcertado, porque se
a turma o visse, ele estaria perdido. As gozações se voltariam todas para ele.
No final das contas, resolveram deitar e apagar a luz.
Quando a turma se deu
conta do ocorrido, que Gui e Gorda estavam juntos, prepararam uma cilada. No
escuro, levaram os colchões para próximo dos dois, bem devagar, sem que ele
percebesse. Na verdade, fizeram um cerco, em que os dois ficaram no meio, e o
resto da turma num circulo fechado entre eles. De repente, no meio da noite, uma
voz estridente ressoa no ambiente: “PARA COM ISSO! OLHA A MÃO! TIRA A MÃO
DAÍ!”. E o Gui, pensando que todos estavam longe, e dormindo, falou baixinho: “fala
baixo, pô, os meninos podem escutar”. Imediatamente, o Narigudo, rindo baixinho
e chorando, levantou, como de supetão, e acendeu a luz. Toda a turma estava com
o pescoço esticado, olhando para o casal de pombinhos, e caindo na gargalhada.
Foram tantos risos, que muitos passaram mal. Era a vingança da turma. O feitiço
contra o feiticeiro. E o Gui, desconcertado e com o braço ainda por cima do
corpo da Gorda, arrebatou, morrendo de vergonha: “Não é nada disso que vocês
estão pensando!”.
Por: Marcelo Mariano