Mesmo sitio, outra história. Na história anterior, Gui precisou se
acostumar com as gozações impostas pelos outros, assim como gostava de fazer
com os mesmos. Em todo caso, a história de J em nada lembra a de Gui, a não ser
que se passa no mesmo sitio e quase no mesmo instante que a de Gui.
J sempre foi um cara da turma e para a turma. Era daqueles amigos que
não perdiam um encontro com a turma toda reunida. Fazia questão de estar mesmo.
Porém, como estava sempre presente, sofria mais gozações que os outros. O
problema é que J sempre estava lá e, como se não bastasse, era um sujeito muito
engraçado, que se metia em situações cada vez mais embaraçosas. Para se ter uma
idéia, em várias ocasiões, J bebia muito. Bebia tanto, que não conseguia se
conter ao voltar pra casa e acabava adormecendo no carro em que pegava carona.
Era preciso carregá-lo, literalmente, ao chegar em casa, e ainda colocá-lo na
cama. Sua mãe acostumada, já não ligava mais. E o problema de tudo isso, não
era nem esse. Era que J tinha uma incontinência urinária quase diária que,
quando bebia, se tornava pior. Isto é, o motorista que se propunha a dar carona
para J, armava-se com um kit de primeiros socorros urinários que ficava no
porta-luvas. Eram constituídos de panos, sprays de bom-ar e lenços umedecidos e
perfumados. Em quase todo encontro com a turma, J urinava no carro. E o
motorista, que precisaria lavar o carro no outro dia, ainda precisava levar J
para casa, carregado. Uma luta! Mas J era um cara parceiro. Muito tranqüilo e
disposto. Levava tudo na esportiva. E quando um amigo precisava de um favor,
atendia com prontidão e bom humor. Enfim, J não tinha problemas com ninguém e
ninguém tinha problemas com ele. Tudo aquilo não passava de gozação!
Em todo caso, no sitio, mesmo sitio que a história de Gui, J
protagonizou uma cena, um tanto quanto fora da sua normalidade de urinar e de
ser carregado. Muito antes da hora de dormir e do ocorrido com Gui, J havia
bebido muito, pra variar. Muito mesmo. Muito além da conta. Mas ainda era cedo.
Muito cedo. E a festa caminhava a pleno vapor. J, então, percebendo o vacilo e
querendo se redimir, caminhou até a sauna. Pensou: “se parar de beber um pouco agora e suar bastante, posso seguir na
festa”. E entrou na sauna, que não tinha ninguém. Lá, sozinho, adormeceu.
Foi encontrado por W, amiga da aniversariante, que logo correu para avisar os
outros. Pensando as piores coisas, W chamou o primeiro que viu pela frente, X,
um amigo da família da aniversariante, que gostava muito de J.
O problema é que W não sabia disso. X ao adentrar a sauna e encontrar J seminu
e dormindo, tratou logo de levá-lo ao quarto mais próximo.
Passaram-se umas duas horas até que J recobrasse a consciência e saísse
do quarto. Como todo mundo estava em frente à porta de entrada, perto da
churrasqueira, e que dava para o quarto onde J dormira, ninguém perdeu a saída
cambaleante, de sunga e sem saber o que estava acontecendo com J. Ele mesmo, ao
sair do quarto, não se dera conta do que se passava. Só via que os outros estavam
rindo em voz alta e em bom tom. Minutos depois, X sai do quarto e com a mão na
boca pede silencio: “deixem ele acordar
primeiro”. E virando-se para J, X diz: “não
precisa se preocupar, não aconteceu nada demais enquanto você dormia,
lindamente... lindamente...”.
Esse episódio garantiu a J um apelido: “O Senhor dos Anéis”, graças a
sua investida inconsciente de permanecer no quarto com X. Estava formada aí,
conforme indicada por todos, a “Sociedade do Anel”!
Num dos encontros posteriores da turma com J num bar, eis que surge X,
com um amigo alto e forte! Este novo momento, como se pode imaginar, e já que X
também era alto, ficou batizado como: “As Duas Torres”!
Faltava só esperar o ano seguinte, para comemorar o aniversario de nossa
amiga, a do sitio, e com as mesmas pessoas, e com X e J! Aí sim teríamos, com
certeza: “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”!
Por: Marcelo Mariano
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