- Ai, ai, ai...
- O que a
senhora está sentindo? – perguntou o médico.
- Saudade...
- Hã?! O que?!
Mas o que foi que a senhora disse?
- Saudade do meu
filho!
- Ele morreu?
- Não, que isso,
doutor!
- Mas eu achei
que a senhora estava sentindo algum desconforto físico, alguma dor...
- Aquele
ingrato!
- Quem é
ingrato?
- O meu filho!
- Mas por quê?
Ele não te liga? Não te visita?
- Todos os dias!
- Então porque a
senhora diz que ele é ingrato? Por acaso, ele mora longe?
- Não, doutor! Mora
bem naquele prédio ali!
- A senhora tem
outros filhos?
- Não, só um
mesmo! Só um já é o bastante, né doutor!
- Então porque a
senhora o chama de ingrato se a senhora mesma disse que ele te visita ou te
liga todos os dias?
- E o pai dele
ainda apóia! O senhor acredita nisso?
- Apóia o que?
- Essas visitas
todas!
- Hã?! Mas e isso
lá é errado? Um pai apoiar que o filho visite a mãe?
- Pro senhor ver
o que a gente passa!
- Mas do que é
que a senhora está falando?
- Ingrato...
- INGRATO?! O
SEU FILHO?! Ingrato por cuidar bem da senhora? Por querer o seu bem?
- E me levar ao
médico sempre que preciso!
- E isso lá é ingratidão, minha senhora?!
Eu não estou entendendo qual é o seu problema! Por acaso, ele te faz algum mal?
Agride? Insulta a senhora?
- Não! Que é
isso, doutor? Está bem lá agora com a esposa dele!
- Ah, agora
entendi! Tudo isso é ciúmes! A senhora está com ciúmes por que o seu filho saiu
de casa, casou-se e foi morar em outra casa, com a esposa! Ciúmes por ele
preferir viver com a esposa e não mais com a mãe!
- De forma
alguma, doutor! Como pode pensar uma coisa dessas? Desejo a eles toda a
felicidade do mundo!
- Pois, então...
- Acho até que
eles vão ter filhos!
- Mas que
noticia boa! Quer dizer então que a senhora vai ser vovó?
- Noticia muito
boa!
- Mas isso
deveria ser motivo de alegria para a senhora e não de tristeza!
- (...)
- Enfim, se a senhora está com saudades, porque não
pega o telefone e liga pra ele?
- Agora?
- É! Agora!
- Precisa não, doutor, ele estava aqui agorinha
mesmo, logo antes de o senhor chegar!
- Então, porque a senhora está com tanta
saudade?
- Ele foi morar em outra cidade!
- Ah, ele se
mudou! É isso, então? Já não mora mais aqui! Pertinho da senhora! Mudou-se para
outra cidade!
- Tem cinco
anos...
- Tem cinco anos
que ele se mudou daqui pra outra cidade?
- Não, doutor! Tem
cinco anos que ele voltou! Ele MOROU em outra cidade! Agora mora ali! Já falei
pro senhor!
- MEU DEUS DO
CÉU! MAS DO QUE ENTÃO A SENHORA ESTÁ RECLAMANDO TANTO?
- Ingrato...
- COMO INGRATO,
MINHA SENHORA?! COMO INGRATO?! FOI A SENHORA MESMA QUEM DISSE QUE ELE TE VISITA
OU TE LIGA TODOS OS DIAS, TE LEVA AO MÉDICO, MORA PERTO, CUIDA MUITO BEM DA
SENHORA, VOCÊ GOSTA DA ESPOSA DELE, PENSAM EM TER FILHOS... COMO RAIOS ELE PODE
SER TÃO INGRATO ASSIM?!
- (...)
- Vamos manter a
calma nessa hora (respira fundo)! Veja bem, minha senhora! Se a senhora está
com tanta saudade assim, me empresta o telefone, que eu mesmo vou ligar pra
ele...
- Não, doutor,
não precisa! Ele esteve aqui agora mesmo, eu já lhe disse...
- Olha, minha
senhora, então eu não tenho como ajudá-la! Eu vou embora! Peça ao seu marido
pra me ligar se alguma coisa acontecer com a senhora! Não posso ficar aqui
tratando de saudade e deixar outros pacientes de lado, não é mesmo? Bem, aqui
está o meu cartão! Qualquer coisa que acontecer com a senhora DE VERDADE, pode
me ligar, está bem? Adeus, minha senhora! Desejo melhoras e passar bem! – foi
embora.
- CLEIDEEE...
CLEIDEEE...
- Oi, patroa, o
que foi? Aconteceu alguma coisa? O doutor falou alguma coisa? A senhora está
bem?
- Ingrato...
- Quem, patroa?
- Esse médico!
Por:
Marcelo Mariano
ADOREI ESSE TEXTO FOFU! MUITO BOM MESMO! ALÉM DE SER COMÉDIA DI VERDADE VERDADEIRA! RSSS...
ResponderExcluir