quinta-feira, 7 de março de 2013

PEIDINHO BESTA



– Eu estou te dizendo, cara! Sob nenhuma hipótese, jamais mesmo, se pode soltar um peido perto do meu sogro!
– Mas agora ele é meu sogro também!
– Eu sei disso! Eu estou só te avisando! Eu já percebi como a família delas funciona. Existem coisas que não se pode fazer de maneira alguma.
– E uma delas é esse negócio do peido?
– Não só é uma delas! É a principal! Eles não toleram esse tipo de coisa nem mesmo entre eles!
– O interessante é que todos eles bebem muito, né? Então, como é que pode segurar um peido por tanto tempo?
– Não faço a mínima idéia! Eu só sei o que devo fazer e mais nada! Só estou te avisando! Quem avisa amigo é!
– Tudo bem! Vou ver o que dá pra fazer!
Mais tarde, numa noite de bebedeira:
– Olha, cara! Eu estou tentando me segurar, mas eu estou muito bêbado e toda hora me vem uma vontade de peidar! Estou saindo de perto e indo peidar no banheiro, mas toda vez o pai dela entra no banheiro logo depois de mim! Sabe como é, né? Ele sente o cheiro todo, cara! O peido está lá! Acabou de ser solto e aí não tem jeito! Pra piorar, ele fica me olhando quando sai do banheiro! Ele sabe que fui eu, irmão!
– Faz o seguinte: ao invés de ir peidar no banheiro, vai lá na garagem com a desculpa de fumar um cigarro e peida lá!
– Porra! Tenho que sair de casa para peidar? Você está de sacanagem, né? Eu estou vindo morar aqui, na casa da minha mulher, porra! Só porque o pai dela não aceita um peidinho besta, eu sou obrigado a sair daqui! Brincadeira!
– Pô, cara, desculpa, não queria te ofender! Mas não sou eu que faço as regras por aqui!
– Não, tudo bem! Você está tentando ajudar! Mas é que isso me irrita muito! Sabe como é, né?
– Sei. Sei sim. Eu nunca peidei aqui. Eu sempre arrumo os meus espaços.
– Então, cara, me faz um favor, só para não dar na cara!
– O que é?
– Vamos comigo até a garagem, a gente diz que vai fumar junto e aí eu vou pra um canto e peido! Mas tem que ser agora por que já tá escapando!
– Ok. Vamos lá, então!
– Ei! Amor! Amor!
– Oi, querido!
– Eu vou lá na garagem com o cunhado para gente fumar um cigarrinho! Sabe como é, né? Colocar as conversas em dia! Ok?
– Tudo bem, amor! Mas, aqui, leva o meu pai também que ele está querendo trocar umas palavrinhas com vocês! Os novos homens da casa!
– Hã! O que? O que?
– Pai! PAIEEÊ! os meninos estão te chamando para ir lá na garagem com eles! Papo de homens!
 – Está bem, minha filha! Pode dizer para eles que eu já estou indo lá!
Na garagem:
– Olha, pessoal! Vocês estão pensando que casar é uma tarefa fácil! Não é fácil, não! Tem que ter muito diálogo! Pra tudo, o casal precisa chegar num entendimento! Pode acontecer o que for que precisa ser conversado! Não pode passar em branco!
– Com certeza! Nós sabemos disso!
– É, com certeza! – ele já não se agüentava mais de tanta dor de barriga, mas segurou o peido com dignidade.
– Por isso que eu digo! Ficar junto com uma mulher não é fácil! Separei-me da sogra de vocês por que não tinha como mais! Mesmo assim, vocês precisam ter respeito com a família das esposas de vocês! Afinal, a família é parte envolvida e uma das mais importantes que...
– Olha, sogro! O senhor me perdoe, mas eu não agüento mais! – e soltou um peido tão alto que dois vizinhos do primeiro andar apareceram na janela para saber se tinha acontecido alguma coisa com o carro deles.
O sogro, imediatamente, fechou o rosto, olhou para o novo genro e disparou:
– Eu vou te perguntar uma vez só! Alguma vez eu peidei na sua cara?
– Mas, mas... Eu não peidei na cara do senhor, não!
– Responda-me: alguma vez eu fiz isso na sua cara?
– Não, senhor!
O sogro pediu desculpas ao outro genro e pôs-se a retirar. Pegou o carro, saiu cantando pneu, mas não sem antes deixar um último aviso:
– Não tem como o relacionamento dar certo assim, não! Escuta o que eu estou te falando!
E não deu.

Por: Marcelo Mariano

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